Facebook ajuda encontrar pai de adolescente e outras mães querem saber onde estão seus filhos desaparecidos há 25 anos de Coité

Muitas famílias sofrem com a falta de entes queridos que desapareceram e ninguém sabe aonde estão a cerca de 25 até 30 anos.

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Você tem ideia do que seja uma mãe ficar separada do seu filho por vinte e cinco anos, porque ele foi apropriado por uma pessoa estranha à família e levado para um país estrangeiro? Em conversa com CN Agnailda Militão de Almeida, 54 anos, residente no Povoado de Caruaru, contou um drama semelhante ao vivido por Rosália Felipe dos Santos, moradora do Bairro Nova Esperança, município de Conceição do Coite.
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Será que alguém pode ajudar? Este pedido angustiado foi publicado na página do Facebook do prefeito de Conceição o Coité, Francisco de Assis (PT) pela professora do município de Rafael Jambeiro, Daniela Oliveira visando encontrar pessoas da família Cerqueira Militão, residentes, imaginava ela, em Conceição do Coité. A professora contou na postagem que tinha um ex-aluno chamado Leandro Santiago Militão e eu sonho era conhecer seu pai.
danielaCom detalhes, a professora Daniela(foto) narrou que Leandro nasceu em Salvador no dia 05 de junho de 1995 e seu pai, Ariosvaldo Cerqueira Militão o registrou em um cartório no Bairro de Brotas, em Salvador. No relato, ela disse que os pais do ex-aluno conviveram pouco tempo e quando Leandro ainda era um bebê, a mãe dele, Girlene Jambeiro Santana, foi morar no Distrito de Argoim, município de Rafael Jambeiro, perdendo o contato.
“Sei que no mundo de hoje é muito difícil confiar em quem conhecemos quanto mais em quem não conhecemos, mas acreditem: Estou tentando ajudar e se alguém puder, por favor, me dê um retorno. A mãe de Leandro não tem condição de investir nesta busca, mas este é o maior sonho dele: conhecer o pai! Obrigada”, apelou a professora.
avó de militãoAtravés dos nomes de Melquíades Paulo Militão e Maria Madalena de Cerqueira, pais de Ariosvaldo, avós de Leandro Santiago, postado pela professora, o prefeito determinou ao secretário de Relações Institucionais, Valdemi de Assis que se empenhasse nesta busca e a família foi identificada e residem no Povoado do Caruaru distante cerca de 12 km de Conceição do Coité.
O pai o garoto, que é conhecido na comunidade como Louvado, atualmente trabalha na cidade de Feira de Santana e a avó, Maria Madalena, 77 anos, mostrou ao CN a cópia original da certidão de nascimento de Leandro. “Eu tinha muita vontade de encontrar meu neto e foi Deus que fez isto”, externou a aposentada ao secretário Valdemi de Assis no momento que ficou sabendo da localização do neto.
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Outro neto desaparecido – Dona Madalena, como é conhecida, viúva há 14 anos, disse que além de Leandro tem outro neto desaparecido e também quer reencontrar. Com seis meses de vida, uma criança, filho de sua filha Agnailda Militão, 54 anos, conhecida por Chinha, ainda sem registro e que a família o chamava apenas de “Diego”, foi retirado da sua família por uma mulher com a promessa que seria adotada, porém sem prestar mais informações e até o momento, vinte e cinco anos após, ninguém sabe nada sobre o paradeiro deste garoto.
 mae de caruaruA equipe do CN foi à casa de Chinha, situada na Rua Daniel Silva, no Povoado de Caruaru e ouviu o relato desesperado de uma mãe que quer saber onde estar o “seu Diego”. imaginando que seu filho esteja em algum país da Europa, pois na época existiam vários relatos que crianças brasileiras estariam sendo levadas para Itália.
Mãe de quatro filhos, Darlan, 31 anos, Danvania, 30, a única que mora com ela e sofre de epilepsia, Mariane, 22, Chinha contou as dificuldades vividas na época quando foi abandonada pelo marido que lhe agredia bastante, viciado em jogo, tinha que trabalhar para sustentar a família e apareceu esta mulher lhe convencendo a entregar a criança. “Não dei meu filho, ela retirou de mim, aproveitou das minhas dificuldades e até hoje, este temo todo, ainda ouço o choro dele, como se tivesse aqui e ainda criança. Acredito em Deus que ainda vou encontrar”, desabafou.
mae procura filhoDois anos e meio após o desaparecimento do filho e de tanto procurar a mulher que intermediou a saída da criança de sua casa, mandaram uma foto através do avô paterno, já falecido, Antonio de Tozinha, dizendo ser seu filho e que Chinha acredita ser realmente, pois parece com uma das irmãs e um primo. Ela contou que na época houve outros casos e lembrou os filhos de uma mulher chamada Silene de Maria Vaca, natural do Povoado de São João e atualmente residente em Feira de Santana.
Demonstrando muita revolta com a mulher que intermediou a “adoção” do filho e resistiu em dizer o nome, Chinha disse tem esperança de encontra o filho e pediu que seu apelo fosse colocado no “internet”, para o mundo vê e seu filho aparecer. Sem saber o que é Facebook, ela pediu ao secretário Valdemi e Assis que fizesse o mesmo que fez a professora Daniela Oliveira resultando no aparecimento do seu sobrinho e agora quer achar seu filho.
A angustia de Chinha também visível no rosto de Rosália Felipe dos Santos, 50 anos, residente no bairro Nova Esperança. Mãe de cinco filhos, sendo que duas filhas, Ariane Felipe dos Santos, nascida em 20 de setembro, levada aos nove anos e Luciene Felipe dos Santos, retirada da sua casa com três anos e nascida em 29 de janeiro de 1987, Nininha, como é conhecida, chora ao olhar para as fotos das filhas e expor suas certidões de nascimento, pois foram retiradas de sua casa sem nenhum documento.
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Nininha nega que tenha recebido dinheiro para entregar suas filhas e contou ao CN que alguns anos depois teria recebido dinheiro por intermédio de um advogado, que não quis citar o nome, dizendo que teria ido mandato pelas “meninas”, como presente do dia das mães e que comprou um quarto para mora. “Esse dinheiro foi tão amaldiçoado, que não tive sorte e acabei vendendo”, desabafou.
Enquanto o CN estava na residência de Dona Nininha, apareceu um jovem que se identificou com Iuri Rasta e contou que também teve um irmão levado para exterior e que foi entregue pelo seu pai Manoel Paulino da Silva, residente na Fazenda Lage, região do Distrito de Aroeira. “Lembro-me desta época e nós, ainda criança tínhamos medo, pois o povo dizia que era o “papa-fígo””, brincou.
Texto: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas

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